Conab estima que safra gaúcha seja 34,5% superior, enquanto produção brasileira registra queda

Estudo indica colheita de 19,65 milhões de toneladas de soja no RS, incremento de 51% em relação ao ciclo anterior | Foto: Wenderson Araujo / Agência Brasil / Divulgação

Apesar do impacto da catástrofe climática de maio, o Rio Grande do Sul deve somar 37,1 milhões de toneladas de grãos colhidos na safra 2023/2024, o que corresponde a 12,4% do volume nacional e significa aumento de 34,5% em relação à temporada passada, que teve 27,58 milhões de toneladas. Os dados constam do 10º levantamento de grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta quinta-feira. Conforme o estudo, o volume da produção brasileira deverá chegar a 299,27 milhões de toneladas, o que representa redução de 6,4% na comparação com o ciclo anterior. Apesar de colher 20,54 milhões de toneladas a menos, será a segunda maior safra brasileira.

Terceiro produtor nacional de grãos, o Rio Grande do Sul aumentou em 1,1% a área plantada no ciclo que se encerrou, alcançando 10,4 milhões de hectares. Conforme a Conab, mesmo com as adversidades climáticas enfrentadas pelos agricultores no período, todas as principais culturas do Estado têm estimativas de aumento de produção na comparação com a safra anterior. As estimativas da Conab foram feitas com base em pesquisa de campo realizada no final de junho. A quebra no volume geral nacional é atribuída aos efeitos do fenômeno El Niño ao longo de todo o ciclo.

Soja gaúcha

O destaque gaúcho é para a soja, que tinha expectativa de produção de 22,24 milhões de toneladas, de acordo com projeção da Emater/RS-Ascar divulgada em março. O novo levantamento da Conab aponta para uma colheita de 19,65 milhões de toneladas da oleaginosa, incremento de 51% em relação ao ciclo anterior. A área plantada foi de 6,76 milhões de hectares. A Conab relata que os agricultores enfrentaram diversas adversidades climáticas.

“Agronomicamente, as perdas foram decorrentes principalmente em razão do atraso da semeadura, impossibilidade de realização dos tratos culturais no período recomendado, perdas de nutrientes por erosão e lixiviação, período de estiagem no enchimento de grãos e da incidência de ferrugem. Por fim, no momento da colheita, enxurradas, alagamentos e excesso de umidade impediram as operações ou reduziram a qualidade e quantidade colhida”, descreve o documento.

Arroz

O levantamento da Conab aponta ainda aumento de 30% na produção de milho, com previsão de 4,85 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul. Para a cultura do trigo, cuja semeadura está em torno de 70% concluída no Estado, a companhia projeta produção 44,5% superior para a safra, com estimativa de 1,34 milhão de hectares de área plantada e colheita de 4,19 milhões de toneladas.

No arroz, foco de tensão pela intenção de importação pelo governo federal, a Conab informou que a colheita se encerrou com aumento de produção de 3,3%, atingindo 7,16 milhões de toneladas em 900,6 mil hectares de área plantada em solo gaúcho. Em nível nacional, a produção do cereal é de 10,58 milhões de toneladas, incremento de 5,5% na comparação com o resultado anterior. Conforme a Conab, cerca de 5% da área semeada teve perdas de produtividade e/ou perda total como em áreas onde ocorreram geadas no período de floração e devido a tempestades, enxurradas e alagamentos. Em seu mapeamento, a Conab identificou 194,9 mil hectares de arroz atingidos por inundações, sendo que somente 42,1 mil hectares ainda não estavam colhidos até o momento da catástrofe climática, representando 4,7% da área cultivada. Nessas áreas, as perdas foram de 85%.

Fonte: Correio do Povo