Conferência reúne mais de 200 participantes para debater gestão e educação na saúde

Foto: Elemir Polese

Comitivas vindas de 22 municípios das regiões dos vales do Jacuí, Rio Pardo e Taquari, respectivamente 8ª CRS, 13ª CRS e 16ª CRS, estiveram nesta sexta-feira, 12, na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) para um dia de debates e reflexões na 1ª Conferência Intermunicipal de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (CIGTES). No auditório do Curso de Direito, um público formado por mais de 200 pessoas, entre trabalhadores da saúde, prestadores de serviços, conselheiros municipais, estudantes, professores e gestores participaram dos trabalhos.

Com o tema Democracia, trabalho e educação na saúde para o desenvolvimento: gente que faz o SUS acontecer, a conferência teve como foco a garantia dos direitos e a defesa do SUS, do trabalho digno, decente, seguro, humanizado, equânime e democrático. Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) mais de três milhões de trabalhadores estão em exercício no SUS e são os técnicos de enfermagem que lideram o ranking de pessoas empregadas em todas as cinco regiões do Brasil. A maioria são mulheres, cerca de 75%, e a faixa etária média para ambos os gêneros é de 40 a 44 anos.

Segundo a coordenadora geral da 1ª CIGTES, Célia Zingler, o objetivo maior do evento foi discutir propostas para aprimorar o SUS e qualificar o atendimento à população. “Viemos ouvir o que cada segmento tem a dizer, prestadores, usuários, gestores, trabalhadores. Sabemos que as condições do trabalho e os espaços impactam diretamente na nossa saúde. Assédio moral, assédio sexual, falta de acessibilidade e insalubridade, tudo isso faz mal para a saúde”, observou.

Também presente na cerimônia de abertura, o representante do Conselho Municipal de Saúde e secretário nacional de Saúde da nova Central Sindical dos Trabalhadores, Luiz Aníbal Vieira Machado, que na ocasião estava representando o segmento usuários, fez uma crítica ao cidadão comum por sua falta de engajamento e pela pouca valorização que dá aos espaços coletivos de decisão. “Não estamos nas associações de moradores, nas entidades de classe. Deveria haver um conselho de saúde em cada bairro para levarmos as propostas para o conselho municipal. Hoje faltam recursos, faltam exames, faltam cirurgias e internações e nós temos que discutir o SUS que queremos para o Brasil”, frisou.

Integrante da comissão organizadora da 4ª Conferência Nacional de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (CNGTES), Aníbal fez uma alerta. “O Congresso Nacional tem um projeto para terceirizar o SUS e vai passar porque estamos acomodados. Temos que exercer o controle social, temos o direito de fiscalizar e de deliberar”, ressaltou, fazendo um convite à mobilização. Segundo ele, a conferência é a oportunidade que o cidadão tem de lutar pelo SUS que deseja. “Hoje é o dia de criarmos propostas para levar para a conferência nacional e defender a saúde da gestão, a saúde de quem faz saúde, a saúde de quem cuida de nós, a saúde de todos os brasileiros”, disse.

Também o secretário municipal de Saúde, de Santa Cruz do Sul, Daniel Cruz, afirmou que a conferência é antes de tudo um espaço de escuta e que precisa ser amplamente democrático. “Temos que ter bem claro que a igualdade precisa ser substituída pela equidade e a escuta é o ponto principal, de todas as partes. É preciso ouvir o paciente e também aquele que cuida. Somos especialistas em cuidar do outro, mas precisamos aprender a cuidar da gente”.

Divididos em grupos, os participantes da conferência debateram o tema central, a partir dos eixos propostos e elaboraram um relatório final que será apresentado na etapa estadual, dias 24, 25 e 26 deste mês, na capital. O documento também será repassado aos conselhos municipais, que serão responsáveis por acompanhar e fiscalizar a implementação das proposições nos seus municípios. Ao final do evento foram escolhidos os delegados que participarão da conferência estadual.