A atuação das doulas durante a gestação é cada vez mais comum. Encarregadas de proporcionar o suporte emocional e físico às mulheres, desde o início do pré-natal e, especialmente, durante o trabalho de parto, essas profissionais ajudam as mães a terem uma experiência positiva no parto e, consequentemente, melhores resultados – como redução na taxa de cesarianas, menos uso de medicações, menos relatos de dor.
A Rádio Santa Cruz recebeu na manhã desta terça-feira, 28, no Programa Conexão Regional, a enfermeira obstetra, educadora perinatal e doula, Andrea Fabiane Bublitz. Inicialmente, ela destacou que o objetivo principal do seu trabalho é dar apoio físico, emocional e técnico para as famílias de uma forma individual e subjetiva, dentro da necessidade de cada casal, e de sua história gestacional, primando desejos e intenções de a mulher vivenciar esse processo.
Andrea relata que os índices de cesariana são extremamente altos e a busca pela cirurgia é grande. “A gente vê que as mulheres buscam pelo parto normal, mas muitas vezes são barradas pela própria cirurgia ou porque não entenderam bem o processo, ou porque têm um entendimento vinculado à dor do parto. Hoje temos um trabalho de qualificar a mulher no entendimento desse processo e prepará-la para vivenciar de uma forma mais tranquila e apoiada, educar, orientar e acompanhar”, explica.
De acordo com a profissional, o público que mais procura o atendimento especializado são os casais que encaram a primeira gestação. “Meu carro-chefe é trabalhar com todo o processo, desde a gestação, parto e pós parto, mas também faço muito trabalho de consultoria em amamentação e na doulagem pós-parto dessa mulher no puerpério, onde ela tem todos os desafios da relação com o bebê, cuidados, amamentação, esse apoio vai para família. É um trabalho diferenciado”, frisa.
Sobre a paternidade nesse processo, Andrea explica que trabalha para resgatar a paternidade. “A geração anterior a nossa sempre teve a sobrecarga materna. Se perdeu a oportunidade de vivenciar a família, do pai nesse processo de cuidar. Deve-se dividir essa tarefa com a mãe para qualificar a família. A sobrecarga materna vai trazer consequências para a família”, ressalta.
Ela acrescenta que o maior desafio da gestação está no puerpério [período após o parto]. “São os primeiros dias, primeiros meses, que, para mulher, é um momento de alegria, é o nascimento de uma família, de um pai, de uma mãe, mas tem ali o momento de luto, porque o pai e a mãe têm que dar conta de não ser mais o que eram antes de o bebê chegar, porque emocionalmente para muitos é um baque muito grande, e nós precisamos trazer apoio e luz para esse momento”, conclui.