A Rádio Santa Cruz recebeu na manhã desta sexta-feira, 31, no Programa Conexão Regional, a delegada da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Santa Cruz do Sul (DEAM), Raquel Schneider. Em pauta esteve o aumento de casos de agressão contra a mulher e feminicídios.
Acerca do tema, Raquel explicou que o aumento é decorrente de uma série de elementos. “É um conjunto de fatores, mas a gente percebe que havia uma cifra culta muito alta, casos que não eram denunciados, e aumentaram as denúncias, a conscientização, com todo esse trabalho de mídia, divulgação, conversas sobre o tema. Isso faz as mulheres perceberem que podem buscar ajuda, que elas têm onde buscar e que vão ser atendidas. Estão vindo à tona casos que antes não viriam, por falta de conhecimento e medo”, destaca.
A delegada ressaltou, ainda, que a mulher precisa diagnosticar o ciclo da violência. “O ciclo da violência, ele começa com um xingamento, com o menosprezo contra a mulher, e daqui a pouco parte para violência física, e após vem o arrependimento e os pedidos de desculpas, fecha o ciclo e inicia novamente, configurando desde então uma violência psicológica. Temos muitos casos de retorno de relacionamento e depois a vítima procura a delegacia novamente. A mulher precisa se perceber como vítima”, frisa.
Sobre a medida protetiva, Raquel explicou que ela serve para que agressor fique longe da mulher. “O objetivo da medida é afastar o agressor da vítima, do contrário, a medida não tem efetividade, ela não vigora. Existe casos onde a mulher não tem para onde ir e a residência é do agressor, mas ela pode ir para casa de passagem até a situação normalizar, casa de parentes ou então aluguel social. Assim como para o homem a rede tem esse olhar, temos comprovado que existe toda essa dificuldade, porque se não, não há efetividade”, pontua.
A delegada também falou sobre os casos recentes de violência contra a mulher na região. No dia 18 de janeiro, por exemplo, um homem atirou contra a esposa com uma arma de fogo em Linha Botão, interior do município. Como a vítima disse que foi acidente, configurou-se, dessa forma, crime culposo, não existindo flagrante. Por isso ele foi ouvido e liberado. Porém, a filha do casal procurou a mídia e, após as notícias serem divulgadas, a DEAM protocolou uma medida protetiva e realizou a prisão preventiva do agressor na última segunda-feira, 27. “A vítima já estava em casa, quando foram realizar a prisão e ela continua afirmando que foi um acidente. O pai da vítima testemunhou que apenas ouviu gritos e um disparo. A familiar que realizou a denúncia disse que, por situações passadas, deduziu que foi tentativa de feminicídio. Preciso ficar com a versão da vítima”, detalha a delegada.
Em um outro caso ocorrido no dia 20 de janeiro, um homem foi preso após atropelar a ex-companheira no Bairro Ana Nery. Ela havia pedido medida protetiva dois dias antes. O fato envolveu uma questão patrimonial, em que o agressor queria o carro que havia sido comprado em conjunto, após uma discussão, ele dolosamente foi para cima dela.
A delegada Raquel Schneider ainda salienta que as vítimas, após registrarem ocorrência, não devem mais permitir a aproximação do agressor, e se necessário, precisam mudar a sua rotina.