O calor e a alta umidade deste início de ano favorecem a proliferação de insetos peçonhentos, requerendo cuidados redobrados contra estes animais. A morte de dois homens por picadas na mesma semana, o primeiro por abelhas em Riozinho, no Vale do Paranhana, em 21 de janeiro, e o segundo por vespas em Soledade, no Planalto Médio, na última sexta-feira, acendeu o alerta para a presença destes animais.
O Corpo de Bombeiros Militar do RS (CBMRS) tem dados alarmantes sobre as chamadas remoções de fontes de perigo: em 2024, houve 8.157 ocorrências em todo o Estado, ou mais de 22 por dia, e, em 2025, até o último dia 23, já são 1.077. Ou seja, mais de 46 por dia, mais do que o dobro do ano passado, e quase duas por hora desde 1º de janeiro. Apenas em Porto Alegre, foram 177 nos primeiros 23 dias do ano, e 1.254 em todo o ano passado.
Porém, ao fazer uma pesquisa do termo “averiguação e manejo de insetos” na rede social X, antigo Twitter, há dezenas de registros do CBMRS em diversos municípios. De acordo com o Ministério da Saúde, acidentes com peçonhas “são um desafio significativo para a saúde pública no Brasil”. O Rio Grande do Sul tem 64 municípios com hospitais de referência para atendimento a este tipo de ocorrências (clique aqui e confira endereços e telefones).
“Todos os pacientes devem ser observados por, no mínimo, uma hora após o acidente. Reações anafiláticas geralmente surgem dentro de 15 minutos após a exposição”, comenta a médica Bruna Telles Scola, do Centro de Informação Toxicológica do RS (CIT), órgão da Secretaria Estadual da Saúde (SES).
Conforme ela, a primeira orientação nestes casos é contatar o telefone do Centro: 0800 721 3000, que tem plantão 24 horas, e procurar atendimento clínico imediatamente. “O tratamento deve ser rápido e efetivo, mantendo funções vitais do paciente, pois não é possível neutralizar o veneno inoculado”. Casos mais graves podem requerer assistência respiratória, alerta a médica.
Testes conduzidos pelo Instituto Butantan e Instituto Vital Brazil buscam desenvolver o soro antiapílico, que, caso aprovado, poderá ser uma esperança contra ataques de abelhas africanizadas (Apis mellifera), não por acaso, chamadas de “abelhas assassinas”. A ideia é que o soro possa ser utilizado quando há dezenas de picadas, ou seja, no momento em que é atacado por um enxame, quando ocorre o efeito tóxico do veneno, cujos principais alvos são os rins.
Os estudos passaram pelas fases 1 e 2, sem efeitos adversos graves. A fase 3 deve durar cinco anos, e, caso aprovado, haverá o pedido de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De 2018 a 2022, o Ministério da Saúde registrou cerca de 100 mil casos no país de acidentes por abelhas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), dos quais 303 foram fatais.
Confira medidas de prevenção contra insetos peçonhentos ou venenosos
Evitar a aproximação de enxames/colmeias de abelhas.
Evitar fazer barulho, sons causados por máquinas, corte de árvores e outros sons podem deixar os insetos mais agressivos
Pedir auxílio para os Bombeiros e/ou apicultores para retirada segura dos insetos.
Correio do Povo