Pesquisa feita pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI), divulgou recentemente que o crescimento de mestres e doutores empregados aumentou significativamente nos últimos anos. Em 2009, o número de mestres com emprego formal era de 184.860 mil. No ano de 2021, o número passou para 441.983 mil, o que corresponde a um aumento de 139% em 12 anos. Já o número de doutores com emprego formal passou de 73.767 mil em 2009 para 215.530 mil em 2021, um aumento de 192,2%.
Os dados ainda apontam que entre 2009 e 2021, o crescimento do número de empregos formais de mestres (139%) e de doutores (192%) foi respectivamente mais de 5 e 7 vezes superior ao do crescimento do emprego formal total ocorrido no Brasil no mesmo período, que somou 26%. “Investir em profissionais capacitados na área de pesquisa é crucial, porque eles trazem conhecimento especializado, fundamental para o desenvolvimento de soluções inovadoras e a tomada de decisões informadas. Isso eleva o nível de qualidade dos projetos, ajuda a identificar oportunidades de mercado e contribui para o crescimento sustentável da empresa”, sinaliza a diretora regional RH Américas da Alliance One, Juliana Sturmer Soares de Souza.
Para ela, profissionais altamente capacitados impactam diretamente na produtividade e na eficiência da empresa. “Com conhecimento avançado, eles conseguem otimizar processos, introduzir novas técnicas e abordar problemas de forma mais eficaz. Isso não só melhora o desempenho geral, mas também fortalece a vantagem competitiva da empresa no mercado”, enfatiza.
Ao buscar profissionais com expertise, a empresa de Juliana já selecionou pesquisadores da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Uma delas é Vanessa Rosana Ribeiro, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental da Unisc. “Desde os primeiros anos da graduação fui bolsista de Iniciação Científica e acabei me encontrando na pesquisa científica. A partir disso, me identifiquei muito na área laboratorial e cada vez mais fui me especializando. Quando começamos o mestrado e/ou doutorado nunca sabemos direito o que vai acontecer pelo meio do caminho, mas com certeza o objetivo principal é fazer a diferença, se qualificar e ser visto, e ser cada dia melhor no que nos propomos a fazer. E eu acredito que o copo do conhecimento nunca transborda”, fala.
Na empresa, Vanessa é técnica de P&D na Área de Melhoramento de Plantas no Centro de Pesquisa (Crop Science & Value Chain) que está localizado em Passo do Sobrado. É responsável, principalmente, pelas atividades desenvolvidas no laboratório de Biologia Molecular, levando em consideração que o departamento trabalha visando melhorar as plantas de tabaco. “O nosso objetivo é produzir variedades diferenciadas em termos de produtividade e qualidade, dentre outros requisitos também, como, por exemplo, inserir genes de resistência a doenças e pragas. Portanto, minha função é analisar o DNA dessas plantas para encontrar aquelas que irão apresentar as características do nosso interesse e dar continuidade ao desenvolvimento desse genótipo até o final do processo, em que iremos obter nosso produto final, processo este que pode levar longos anos de pesquisa”, explica.
Para ela, a escolha de atuar na indústria e ir além da pesquisa na Universidade, principalmente em alguns setores, é um desafio. “Ainda há uma certa barreira na contratação de mestres e doutores na indústria, e eu acredito que muitas empresas não estão preparadas, em vários aspectos, para lidar com essa qualificação. O que vejo orgulhosamente é que a Alliance One tem uma perspectiva diferente, pois ela entende que, se investir em colaboradores qualificados, o resultado vai ser diferenciado, pois são pessoas extremamente preparadas para desempenhar seu papel dentro da empresa. Portanto, eu tive a oportunidade de compartilhar o meu conhecimento e estar onde estou, trabalhando em um lugar em que acordo todos os dias pensando que todos esses anos de estudos valeram a pena”, completa.
Outro exemplo de pesquisador na indústria é do mestre em Sistemas e Processos Industriais pela Unisc, Ronaldo Bastos dos Santos, atual supervisor de Produção na Fruki Bebidas. Ele também acredita que a formação contribuiu para ocupar a posição em que está hoje. “As empresas estão, cada vez mais, em busca de profissionais atualizados com as novas tecnologias. Portanto, experiência e conhecimento recente formam o perfil buscado pelo mercado. O conhecimento adquirido na pesquisa serve como embasamento para questionar processos, sugerir melhorias, implantar novas formas de controle, etc, proporcionando uma visão mais ampla do negócio, consequentemente, contribuindo de forma mais efetiva para os resultados da organização.”
Já quando se fala em emprego na educação, Alan Ricardo Costa é um exemplo. Doutor em Letras pela Unisc, ele conta que sempre teve interesse em seguir atuando no meio acadêmico, conciliando o ensino com a pesquisa, além de, claro, estudar mais, se aprofundar em algumas temáticas e teorias, construir novos conhecimentos. Atualmente, é docente do magistério superior na Universidade Federal de Roraima. É professor nos cursos de Letras, e atua no Programa de Pós-Graduação em Letras, onde também é vice-coordenador.
“O Programa de Pós-Graduação em Letras da Unisc foi fundamental em minha formação como pesquisador. Aprendi muito com os docentes do programa e com os colegas, tanto nas disciplinas quanto nos grupos e projetos de pesquisa. Também as experiências de participar (e/ou organizar) eventos acadêmicos, publicar artigos e capítulos de livros, mediar mesas-redondas, proferir palestras, tudo isso contribuiu muito para minha atuação nos espaços em que estou hoje.”
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