As perdas sofridas pelos produtores rurais gaúchos em virtude das enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul estão sendo contabilizadas aos poucos. Pomares de laranjas e bergamotas; safras de soja, milho, feijão e arroz; pastagens e criações de bovinos, ovinos, peixes e abelhas estão entre as perdas de norte a sul do Estado.
E de acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, divulgado na quinta-feira (30), a alta umidade do solo é a principal responsável pelos prejuízos, direta e indiretamente.
Citros
As plantações de laranja e bergamota têm apresentado frutos pequenos, com rachaduras na casca, aumentando as perdas e reduzindo a produtividade. Muitos frutos também foram afetados por doenças, que causaram estragos. Na região administrativa da Emater de Santa Rosa, há incidência de ataques de mosca-das-frutas nos pomares.
As variedades de bergamota Okitsu, Ponkan, Satsuma e comum, que estão em fase final de maturação, em plena colheita e comercialização, sofrem com a praga; as laranjas de umbigo, do céu e sanguínea, também. Já as plantas novas sofrem ataques de pulgão nas brotações e de larva-minadora nas folhas. O preço para indústria está em R$ 6/kg.
Na região de Frederico Westphalen, devido às chuvas excessivas e aos dias nublados e de alta umidade, está ocorrendo queda de laranja e bergamota. Estima-se redução de produtividade entre 30% e 35%. Atualmente, os pomares encontram-se no estágio final de desenvolvimento e início de maturação dos frutos das variedades de ciclo médio e tardio.
No norte do Estado, as perdas foram na cultura da laranja, nas áreas inundadas na beira dos rios, principalmente em Itatiba do Sul e Erval Grande. Na região, ainda resta laranja precoce para colher (Iapar, Salustiana, Rubi, Umbigo Navelina e Bahia); o preço dessas variedades está, em média, R$ 1,50/kg ao produtor.
Soja
As áreas remanescentes de soja, ainda sujeitas à colheita, localizam-se predominantemente na metade sul do Estado. Porém, o período de condições meteorológicas adversas dificultou a operação e a área colhida avançou 3% em relação à semana anterior, atingindo 94% no Estado, estando ainda 6% das lavouras em maturação.
No extremo sul, não houve a possibilidade de colheita da soja em função da recorrência de chuvas. Já na Região da Campanha, os raros períodos de sol permitiram que somente alguns produtores acessassem as lavouras de melhor drenagem para realizar a atividade. Entre as dificuldades, a alta umidade dos grãos e a presença de grãos avariados, que causam obstrução nas máquinas colhedoras.
Além disso, a estatura das plantas está baixa, também em decorrência do excesso de chuvas durante o período de desenvolvimento vegetativo, o que provoca a fixação de vagens muito próximas ao solo.
Milho
Nas regiões da Serra, Campos de Cima da Serra, Central e Campanha ocorreram danos qualitativos expressivos, que praticamente inviabilizam o uso e a comercialização dos grãos colhidos: muitas ocorrências de fungos, micotoxinas e germinação na espiga. Em razão das adversidades, a colheita de milho avançou apenas 1% em relação à semana anterior e atingiu 93% da área cultivada no Estado. Restam ainda 6% das lavouras em maturação e 1% está em enchimento de grãos.
Feijão 2ª safra
O produto colhido apresentou baixa qualidade, causada pelos grãos brotados e manchados. Estima-se que 73% dos grãos cultivados foram retirados do solo. Parte das lavouras restantes não apresenta perspectivas viáveis de colheita, devido ao prolongado período chuvoso, que favoreceu o surgimento de doenças e resultou em severas perdas na área foliar.
Arroz
A colheita de arroz prosseguiu durante as pequenas janelas temporais com melhores condições meteorológicas e se aproxima da conclusão. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, da área total cultivada na região, estimada em 359.115 hectares, restam cerca de 9 mil hectares a serem colhidos, incluindo algumas áreas com possíveis perdas totais.
Em São Borja, os produtores se esforçam para realizar a colheita em áreas com risco de novo alagamento em razão da elevação do nível do Rio Uruguai. Em Maçambará, a colheita foi concluída e a produtividade média é de 7.523 kg/ha, apresentando bons rendimentos até meados de abril. Contudo, em função das chuvas constantes e dos ventos fortes, houve queda expressiva de 20% a 30% na produtividade.
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