“O problema mais sério que nós encontramos é a responsabilidade de preservar a vida das pessoas. Não adianta nós querermos inventar história. A árvore que tiver sem raiz nós vamos retirar”. Foi com esta fala que o prefeito Sérgio Moraes abriu a reunião emergencial realizada na manhã desta terça-feira, 18, no Palacinho, para debater a situação das obras no calçadão da Floriano e a queda das tipuanas. Desde as primeiras movimentações na via com o maquinário necessário para as obras, quatro árvores já foram derrubadas.
O clima tenso marcou as mais de duas horas de impasse entre os que sugerem a manutenção da obra com preservação total das árvores, com ênfase no Túnel Verde, e o grupo que defende a retirada e a substituição das Tipuanas, entendendo que a ação serve como preservação das vidas de pessoas que por ali circulam.
A ideia de paralisação que surgiu após orientação do Ministério Público ainda no final desta segunda-feira, foi defendida inicialmente pelo coordenador do Conselho Ambiental e ex-prefeito José Alberto Wenzel. Entretanto, logo foi rechaçada pelos comerciantes e empresários que participavam do encontro. O prefeito Sérgio Moraes, inclusive, precisou intervir em alguns momentos. “Temos documentos que garantem que no ano passado foram cortadas as raízes das árvores. Eu não tinha esse conhecimento e, claro, nenhuma árvore consegue ficar em pé sem raízes. O peso de algumas delas passa de dez toneladas, isso quer dizer que pode acontecer uma tragédia em Santa Cruz, não é uma brincadeira”, considera.
Por outro lado, Wenzel defendeu a manutenção do Túnel Verde como prioridade, alegando a paralização total ou a retirada das máquinas como alternativa. “Vocês não estão entendendo o que está acontecendo, não estamos falando de uma rua, estamos falando de um patrimônio. Não é cortando que vai ser resolvido”, disse o ambientalista.
Após quase duas horas de encontro, quando na ocasião comerciantes locais defenderam a não paralização das obras e a busca por alternativas rápidas, Moraes convocou a Secretaria de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, em nome da chefe da pasta Prissila Bordigon, para realizar, logo após o término do encontro, um estudo intensivo e emergencial, apontando quais as árvores devem vir a serem substituídas e quais devem, em um primeiro momento, receber uma poda radical, com objetivo de tornar mais leve e diminuir o risco neste período de realização de obras.
Bordigon, que comanda a referida pasta, comentou o desafio. “Foi a gota no copo de água. É um resultado da falta de trabalho de muitos anos. Vamos lançar um projeto em todos os arcos com algo que vá florir, deixar verde a cidade, o túnel, mas não vai ser um risco para as pessoas. A prioridade é a vida, mas sempre preservando a natureza, o patrimônio. Iremos realizar um programa de manutenção. Precisamos ter um equilíbrio tanto para todos nós que amamos esse túnel, como para os comerciantes que precisam tocar seus negócios e pagar suas contas”, revelou. “Não tem muito a ser feito referente às arvores que já estão por cair, vamos efetivar agora um plano de arborização responsável, como nunca foi feito antes”, conclui.
O chefe do executivo ainda frisou a idealização de um trabalho coletivo, voltado à manutenção do local, mas, acima de tudo, a preservação da segurança da comunidade que circula por ali. “Eu digo que eu não vou fazer essa paralização. Quanto mais demorar, pior vai ficar. Nós temos é que acelerar essa obra. O problema mais sério que nós encontramos é a responsabilidade de preservar a vida das pessoas. Não adianta nós querermos inventar história, a árvore que tiver sem raiz nós vamos retirar, pode cair em cima de um filho de vocês, pode ser alguém da comunidade e acabar causando uma tragédia”, ressalta.
Moraes ainda comenta a gravidade das ações recentes e a responsabilidade na condução da pauta nos próximos dias. “Entendo perfeitamente toda questão histórica, sou apaixonado, como todo santa-cruzense, pelo Túnel Verde, mas não podemos brincar com essas coisas. Vamos discutir e vamos optar pela retirada após o estudo, que contemple a todos, mas resguardar pela vida do cidadão santa-cruzense”, sublinha.
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Foto: Maria Luiza