O Senado aprovou nesta terça-feira (8) o nome do economista Gabriel Galípolo, escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para presidir o Banco Central (BC). Galípolo foi aprovado por 66 votos favoráveis e 5 contra. A votação foi secreta.
Antes, o indicado passou por uma sabatina, que durou quatro horas, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa. O colegiado aprovou a indicação por unanimidade, com 26 votos favoráveis e nenhum contrário. Galípolo vai assumir a cadeira de Roberto Campos Neto, que encerra o mandato em 31 de dezembro. Ele terá, a partir de 2025, um mandato de quatro anos à frente do BC.
Questionado pelos senadores, Galípolo respondeu sobre diversos temas, incluindo a independência em relação ao governo Lula, se assumir o mandato; o combate à inflação; e a relação com o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto.
O indicado de Lula é o atual diretor de Política Monetária do Banco Central. Entre 2022 e 2023, ele esteve nas equipes de campanha do então candidato ao Planalto, de transição de governo e do Ministério da Fazenda, chefiado por Fernando Haddad.
Galípolo substituirá uma gestão duramente criticada por Lula à frente do BC, em grande parte pelos movimentos na condução da taxa básica de juros, a Selic.
Roberto Campos Neto, que foi escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em 2019, já foi classificado por Lula como um “adversário político”.
Gabriel Galípolo é visto pelos senadores como alguém já conhecido. Em 2023, ele foi sabatinado pela CAE e aprovado pelo Senado para assumir a diretoria de Política Monetária do Banco Central. Na ocasião, o conjunto dos parlamentares aprovou o nome, também indicado por Lula, por 39 votos a 12.
Em declaração aos senadores, Galípolo afirmou que Lula foi “enfático” a respeito de sua autonomia à frente da instituição em todas as oportunidades nas quais se reuniu com o petista.
“Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões e que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro. Cada ação e decisão deve unicamente ao interesse do bem-estar de cada brasileiro”, declarou.
Galípolo também disse aos parlamentares que mantém compromisso com o mandato de quatro anos para presidente do BC. Em outro momento da sabatina, Gabriel Galípolo foi questionado sobre uma possível interferência do presidente Lula em suas decisões ao longo do mandato de diretor do BC, como as relacionadas à taxa básica de juros.
Galípolo negou ter sofrido qualquer tipo de intervenção do petista. “A verdade é que nunca sofri nenhuma pressão. Seria muito leviano da minha parte dizer que o presidente Lula fez qualquer tipo de pressão sobre qualquer tipo de decisão”, disse.
Ao ser perguntado como reagiria se houvesse tentativa de interferência em sua gestão à frente do Banco Central, o economista respondeu que teria “coragem” e que tomaria decisões de acordo com a sua “consciência”.
“Todas as vezes que o presidente me encontrou ou ligou foi para dizer: ‘Comigo você terá toda a tranquilidade, eu jamais vou lhe perguntar antes, eu jamais vou fazer qualquer tipo de interferência, você vai ter toda a liberdade de tomar a decisão de acordo com seu juízo, eu vou respeitar sempre’. Eu só posso ser grato, desde o primeiro momento, pela forma como o presidente me tratou e escutou.”
Quem é Galípolo
Gabriel Galípolo atuou na campanha de Lula à Presidência da República em 2022 e na equipe de transição de governo. No ano passado, foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda, a função mais importante da pasta depois da do ministro.
Em julho, exerceu momentaneamente a Presidência do BC, nas férias de Roberto Campos Neto. É mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), onde também é professor.
É professor do MBA de PPPs e Concessões da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em parceria com a London School of Economics and Political Science.
Em 2007, o economista foi chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo. E, no ano seguinte, foi diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento do estado.
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