Após a apresentação do projeto de lei Escola Sem Partido pelo vereador Abel Trindade (PL) na Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul, representantes da rede municipal de ensino têm se manifestado contra a proposta. Em entrevista ao Programa Conexão Regional da Rádio Santa Cruz, nesta quarta-feira, 12, o vice-presidente do Sindicato dos Professores Municipais de Santa Cruz do Sul (Sinprom), Eduardo Barreto, criticou o projeto, classificando-o como inconstitucional.
Barreto faz um apelo pedindo união entre os profissionais da educação para enfrentar o projeto Escola Sem Partido. “Nós, como profissionais da área da educação, devemos sempre nos manifestar e nos posicionar contrários a toda lei, projeto ou discurso que leve ódio às escolas e ódio à figura dos professores”, afirma.
Para Barreto, o projeto revela uma falta de conhecimento sobre o funcionamento da educação. “A educação ela é muito bem estruturada, parte do princípio de que os professores não fazem o que eles querem dentro de uma sala de aula de um dia para o outro. Falo isso como gestor escolar, é tudo muito bem estruturado e muito bem organizado, são documentos que chegam a nível federal, estadual e municipal, onde o professor tem de seguir uma programação previamente aprovado”, explica.
O professor Eduardo Barreto destaca a união dos professores na luta pelas suas causas, e se diz magoado pela forma com que os profissionais da educação estão sendo tratados. “Nós tivemos que lutar pelas nossas crianças e pelos nossos estudantes para que os governantes percebessem que atualmente nós temos menos de 30% das escolas do RS com condições mínimas de recebê-los. Eu, como vice-diretor da Escola Goiás, falo que sim, o Goiás tem condições de receber seus alunos, mas eu preciso pensar também nas escolas que não têm essas condições”, salienta . “As escolas municipais têm uma série de demandas necessárias e muitas vezes básicas que não são atendidas. E quando surge um projeto desse tipo vindo de um representante eleito pelo povo com discursos de ódio aos professores e ao magistério, isso nos magoa muito”, lamenta.
Ao ser questionado sobre quais seriam os próximos passos da entidade sobre o assunto, Eduardo Barreto diz não querer criar tumulto por hora, a depender de como serão os desdobramentos do projeto daqui em diante. “Não é nossa intenção fazer qualquer tipo de manifestação mais forte na Câmara de Vereadores, não queremos tumultuar. O Sindicato acompanha tudo o que gira em torno dos seus trabalhadores e estaremos acompanhando de perto os desdobramentos do projeto.”, diz. “Nós temos certeza que esse projeto não será aprovado, até porque ele é inconstitucional, porém, dependendo de como for o andamento, caso venha a afetar a atividade docente nas escolas, caso reiniciem aquelas perseguições aos professores, juntamente com os discursos de ódio, ai sim o Sinprom vai, juntamente com os órgãos competentes, tomar alguma atitude mais forte”, considera.
De acordo com Barreto, o parlamentar desconhece a realidade escolar e a estrutura da gestão educacional. O educador explicou que a comunidade escolar já tem participação ativa na formulação das propostas educacionais por meio do Projeto Político Pedagógico (PPP), do Conselho Escolar e do Círculo de Pais e Mestres (CPM).
Por: Jonathan Castro