As polícias civis do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina detalhou nessa terça-feira (23) a tentativa do empresário Anderson Boneti de evitar a prisão enquanto estava foragido das autoridades. Capturado no início da semana, ele é alvo da mesma investigação sobre esquema de fraude em vendas on-line que teria contado com a participação de seu sócio, o influenciador gaúcho Nego Di.
Em coletiva de imprensa, foi relatado que Boneti vivia praticamente escondido em quarto de hotel na cidade de Bombinhas, no litoral catarinense. Nas poucas vezes em que deixava o estabelecimento, utilizava um carro alugado – estratégia destinada a dificultar o rastreio pelas autoridades dos dois Estados.
“Ele evitava sair às ruas e se expor publicamente”, declarou o delegado Fernando Sodré, chefe da corporação gaúcha. “Mesmo não sendo tão conhecido quanto o seu sócio, sua imagem já circulava nas redes sociais e no noticiário, o que poderia levar ao seu reconhecimento público.”
Boneti foi conduzido a um presídio no Rio Grande do Sul. Em fevereiro do ano passado, ele chegou a ser detido na Paraíba por suposta participação em outros golpes, mas acabou solto poucos dias depois.
Entenda
Dilson Alves da Silva Neto, o “Nego Di”, já está preso preventivamente desde o dia 14. Ele, a mulher e o sócio são investigados por suspeita de envolvimento em 370 casos de estelionato, além de lavagem de dinheiro e realização de rifas ilegais.
De acordo com operação realizada em conjunto com o Ministério Público Estadual, o esquema consistia no uso de uma loja virtual denominada “Tadizuera” para venda de produtos inexistentes (sobretudo eletrodomésticos e eletroeletrônicos). Centenas de consumidores foram lesados, em um prejuízo total de R$ 5 milhões.
A investigação indica que a fama de Nego Di como humorista de rádio, influenciador digital e ex-participante da edição de 2021 do reality show televisivo “Big Brother Brasil” (ele foi eliminado por quase 99% dos votos do público) contribuiu para atrair potenciais vítimas.
Sua companheira havia sido presa em 12 de julho (dois dias antes de Nego Di), por manter em residência do casal na praia catarinense de Jurerê Internacional uma pistola de uso privativo das Forças Armadas. Mas obteve liberdade pouco tempo depois, mediante pagamento de fiança estipulada em R$ 14 mil. Também pesa contra eles a suspeita de lavagem de dinheiro (o montante é de aproximadamente R$ 2 milhões).
Em um dos vídeos divulgados nas redes sociais por Nego Di e obtidos pela investigação, o influenciador apregoa o seu negócio supostamente fraudulento: “Estou aqui na minha central de controle, vamos lá, nas vendas, ver como está. Saiu uma compra há pouco, lá para o Central Park… Teve outra para Santa Catarina, Goiânia, putz, o Brasil inteiro, cara! Só tenho a agradecer a vocês. Tá vendendo pouco”, ironiza.
Transferido sob custódia para Porto Alegre (onde corre o processo) logo após a sua prisão no litoral catarinense, ele foi apresentado no Palácio da Polícia e, na sequência, transferido a uma penitenciária estadual em Canoas (Região Metropolitana). Na terça-feira (16), a Justiça gaúcha negou pedido de habeas-corpus.
“Contribuição fake”
Nego Di também esteve no centro de uma polêmica durante as enchentes de maio no Rio Grande do Sul. A fim de ampliar sua visibilidade nas redes sociais, ele foi a público repetidas vezes para criticar a atuação das autoridades durante a calamidade pública no Estado. Sua “metralhadora-giratória” teve ainda como alvo a apresentadora Xuxa Meneghel e outros famosos.
Ele também alardeou um suposto gesto de desprendimento financeiro: a doação de R$ 1 milhão em uma campanha de arrecadação para as vítimas da catástrofe. Ao acessar as contas do investigado por meio da quebra de sigilo bancário, porém, o Ministério Público (MP) identificou somente um pix de R$ 100.
Em suas redes sociais, o também humorista gaúcho Eduardo Gustavo Christ, conhecido como “Badin, o Colono”, defendeu-se no caso. Ele é o criador da vaquinha online na qual Nego Di alegou ter feito a contribuição milionária. Na época, Christ chegou a postar um agradecimento pela doação de “R$ 1 milhão”, mas depois alegou não ter como saber se, de fato, a alegada contribuição havia sido efetivada:
“Teve dias que entrou mais de R$ 10 milhões, não tinha como acompanhar se as doações que ele faria entrariam ou não. Muitos já sabem que o dinheiro foi administrado pelo Instituto Vakinha, eu repassava para eles e eles destinavam. Não tinha como eu saber se a doação dele entrou ou não”.
O governo federal lança nesta quarta-feira (24) o programa Voa Brasil, que deverá proporcionar passagens aéreas de até R$ 200. A primeira fase deverá ser focada somente em aposentados. Cerca de 23 milhões podem ser beneficiadas. A medida, segundo o governo, visa “permitir que mais brasileiros, especialmente novos usuários, tenham acesso ao mercado aéreo do Brasil”. Inicialmente, o governo previa que o público do programa seria mais amplo e também […]
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