Não foram nem uma, nem duas, nem três vezes que Clarisse Fernandes, de 51 anos, natural de Venâncio Aires, sofreu com a enchente no local onde reside. Ela já perdeu as contas de quantas situações desoladoras já passou. Ainda assim, garante que a deste ano, que chegou na madrugada do dia 30 de abril, foi a mais devastadora.
Clarisse mora há mais de 30 anos no bairro Várzea, em uma casa de dois pisos. Na parte debaixo fica o mercado da família, e no mesmo terreno tem uma empresa de móveis sob medida. Quando a água começou a subir na madrugada de terça-feira, a família decidiu permanecer no bairro, na parte elevada da casa. “A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros estiveram aqui conversando com a gente e nos oferecendo auxílio. No entanto, foi uma opção nossa, já que temos a parte do segundo piso”, conta.
É unânime, todos os moradores do bairro Várzea lembram com muita tristeza da enchente de 2010, uma das maiores até então. Muitos moradores perderam tudo e precisaram se reconstruir do zero. “Em 2010, a água entrou 40 centímetros. No mercado, nós não perdemos nada, porque conseguimos levantar os freezers a tempo e as mercadorias nós levamos para parte de cima da casa”, detalha. No entanto, agora em 2024, conforme relato da própria Clarisse, a sorte não foi a mesma.
Durante esses três dias ilhados, ela, o marido, a filha e o genro presenciaram imagens difíceis de tirar da cabeça. “Nós vimos de perto a água entrar na casa dos nossos vizinhos e devastar tudo. Foi aterrorizante escutar o barulho, freezer caindo, coisas assim. Na primeira noite, que foi o auge da enchente, nós vimos os freezers batendo no teto do mercado. A gente ficou com medo de a estrutura ceder, apesar de saber que ela é forte. Foi tudo muito horrível”, relata.
Com o desligamento da energia elétrica pela RGE, devido ao alagamento no bairro, a família utilizava velas e luz de emergência quando chegava o anoitecer, além de contar com água da caixa d’água. “A gente conseguia se comunicar com os nossos parentes, mas falávamos somente o necessário. Algumas outras pessoas a gente respondia. Muitos vizinhos que queriam saber de suas casas, a gente não conseguiu conversar para poder economizar a bateria, se caso a gente precisasse pedir socorro”, ressalta.
Na manhã dessa terça-feira, em meio a toda lama deixada pela chuva, a proprietária do mercado Bom Preço, localizado na Rua Irmão Emílio, iniciou a limpeza e a contagem dos danos, com o auxílio da família. “A gente está limpando, ainda não temos noção se irá restar algo. A água revirou tudo, os vidros estão todos quebrados. Perdemos tudo na parte da padaria e na marcenaria. Nesta última, a água atingiu dois metros de altura”, salienta.
Por: Kássia Machado
Foto: Mercado da família Fernandes nessa sexta-feira. Crédito: Henrique Bauer / Rádio Santa Cruz
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