A Nasa, agência espacial ligada ao governo dos Estados Unidos, divulgou imagens captadas por satélite que mostram a dimensão da tragédia provocada pelas chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde a semana passada.
A imagem mais recente mostra os rios Jacuí, Sinos e Caí completamente inundados, com a água extravasando por uma área extensa a partir dos leitos. As águas barrentas chegam ao lago Guaíba e à lagoa dos Patos.
O transbordamento desses grandes rios provocaram grandes enchentes em municípios da região metropolitana. Além da capital gaúcha, as imagens de satélite mostram cidades como Canoas, Guaíba e Eldorado do Sul embaixo d’água.
Até o início da noite desta quinta-feira (9), aumentou para 107 o número de mortes provocadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, de acordo com balanço divulgado pela Defesa Civil Estadual.
Pelo menos 134 pessoas estão desaparecidas e 754 ficaram feridas. Quase 400 mil encontram-se desalojadas ou desabrigadas.
No total, 431 municípios do Estado registraram danos em razão dos temporais dos últimos dias. Conforme o boletim da Defesa Civil, mais de 1,7 milhão de pessoas foram afetadas pelas cheias que assolam o RS.
Cidades destruídas
“O comportamento das chuvas mudou. Eu tenho feito um levantamento e já percebi que de 2013 pra frente nós temos um acumulado de precipitação [chuvas] no mês de mais de 300 ml. A minha pergunta é: o que nós, por exemplo, na Defesa Civil, temos programado para prever essas possibilidades? Em algum momento, vamos começar a ver [inundações] em áreas em que a água não chegava com tanta frequência e vamos lembrar disso que estamos falando aqui.”
O alerta acima, feito em junho de 2022 durante uma audiência pública na Câmara Municipal de Pelotas e apontado em vídeos nas redes sociais como “profecia” à luz das inundações que já deixaram pelo menos 90 mortos no Rio Grande do Sul, é do ecólogo Marcelo Dutra da Silva, doutor em ciências e professor de Ecologia na Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
Na ocasião, durante um debate sobre mudanças climáticas, o pesquisador chamava atenção para o fato de que muitas cidades gaúchas estavam totalmente despreparadas para chuvas extremas: não sabiam quais eram suas áreas de risco, quais regiões eram vulneráveis a inundações, ou quem seriam os primeiros moradores do estado a serem atingidos pelas águas.
“Não podemos impedir que o evento climático ocorra, nem os próximos, porque eles vão acontecer. Mas dá para sermos mais resilientes a isso? Dá. Talvez se nós já tivéssemos afastado as pessoas das áreas de maior risco. É possível saber onde o evento se torna mais grave primeiro”, pondera, acrescentando que um planejamento ambiental teria tornado possível, por exemplo, retirar moradores das áreas mais vulneráveis com antecedência.
O sol que brilhou em grande parte do Rio Grande do Sul na quinta-feira dá lugar, nesta sexta, a um novo episódio de instabilidade que vai trazer novos problemas e deve agravar e alongar os já existentes. O tempo se instabiliza em grande parte do estado. Voltam as nuvens e a chuva no decorrer do dia para a grande maioria das cidades. O episódio de instabilidade que se inicia terá […]
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